Para entender a diverticulite aguda é necessário antes saber o que é a doença diverticular dos cólons. Era considerada rara até o início do século XIX, aumentando progressivamente sua incidência a partir do século XX, muito provavelmente atribuída à mudança no estilo da dieta, principalmente na redução da ingestão de fibras.
Estima-se que 10% das pessoas acima de 45 anos e 65% das pessoas acima de 70 anos desenvolvam a doença.
O divertículo consiste numa saculação da parede do intestino (formação de sacos). Essa formação ocorre quando há uma pressão nos pontos de penetração dos vasos sanguineos que irrigam o órgão. A pressão é comumente causada por uma grande quantidade de fezes ressecadas ou paradas por muito tempo. Este tipo de ação promove flacidez do tecido nesses pontos, favorecendo o surgimento do divertículo, os quais podemos popularmente comparar a bexigas de aniversários vazias.
A diverticulite aguda consiste na complicação da doença diverticular, com inflamação de um ou vários divertículos, mais comumente do lado esquerdo do intestino grosso. Pode ser classificada em não complicada e complicada
É considerada complicada quanto se revela perfuração, abscesso,fistula ou sangramento. Dados americanos publicados recentemente , entre 1998 e 2005 mostrou um aumento na ordem de 26% na taxa de admissão hospitalar de pacientes com diagnóstico de diverticulite aguda (Etizioni et al, Ann Surg, 2009).
CAUSAS
A teoria mais aceita para o desenvolvimento da diverticulite é a obstrução de um ou mais divertículos (sacos) por resíduos de fezes (fecalitos) o que causa proliferação bacteriana e inflamação.
Uma dieta pobre em fibras predispõe a um trânsito intestinal mais lento, deixando as fezes mais tempo em contato com a parede do intestino e dos divertículos. O sigmoide, segmento do intestino grosso, é a parte do intestino que experimenta a maior pressão, sendo o local mais comum de diverticulite.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Estima-se que entre 15 e 20% dos pacientes com doença diverticular sejam sintomáticos e cerca de ¼ desses desenvolverão inflamação aguda (diverticulite) .
O sintoma mais comum é dor abdominal inferior à esquerda. Podem estar associados alteração do hábito intestinal, febre, mal-estar, ardência ao urinar, distensão abdominal, massa palpável, entre outros. A duração e intensidade dos sintomas dependem se o processo é localizado ou difuso.
O diagnóstico se dá na maioria das vezes apenas pela história e exame físico do paciente. No entanto, a tomografia computadorizada de abdome é o exame de imagem ideal para selar o diagnóstico. A colonoscopia é posteriormente indicada como exame preventivo na detecção de tumores malignos que simulam a diverticulite.
TRATAMENTO
O tratamento da diverticulite aguda depende do seu estágio no momento do diagnóstico. A necessidade de internação também segue esses critérios de gravidade.
Algumas pesquisas questionam o uso dos antibióticos na diverticulite não complicada, uma vez que não impediram as complicações, não acelerou a recuperação e não preveniu recorrência. (Chabok et al. Br J Surg 2012). Apesar disso, pode-se fazer antibióticos por via oral e repouso intestinal com uma dieta mais leve.
Na diverticulite aguda complicada, ou seja, na presença de abscesso, perfuração, instabilidade clínica e dor intensa, a internação se faz necessária. Antibióticos por via venosa são importantes. Drenagem percutânea guiada por tomografia, lavagem e drenagem da cavidade abdominal, extração cirúrgica do segmento afetado e até mesmo colostomia são algumas das opções dentro do arsenal cirúrgico disponíveis. Seu coloproctologista de confiança decidirá qual a melhor conduta para cada caso.
Imagem Ilustrativa. Fonte: ASCRS